quarta-feira, junho 11, 2014


Ando farto de amenidades e de olhares temerosos. As pessoas esperam por um momento ideal para começar a viver. Mas, o vento vem antes da chuva, o mormaço antes do vento. E a morte antes de tudo.
Nos finais de semana eles copulam como lagartas, babam feito ruminantes, e quaram como iguanas ao sol.
É preciso lembrar: pimenta murupi não é tempero. É fruto sagrado da erva. É o perfume do fogo. Legado dos nossos ancestrais. Quem quiser dar o próximo passo, pode começar por aí.
Não me perdoem os excessos. Nos altos céus reinam os urubus. No olho d’água germinam os girinos. E só o que é selvagem pode ser humano.
Eu gosto de gente, de árvores, de serpentes. De pedras, de ventos, de vulvas.
Cai como uma luva a chuva sobre a minha mão. Escuto os trovões, o sermão das tempestades no telhado de zinco, e os mantras sobre a velha lata de tinta deixada embaixo da biqueira. Às vezes as gotas fazem uma escala musical perfeita.
Mas as pessoas estão surdas.

jaime brasil filho

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